quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nele Azevedo

Veio a roda viva estes dias em casa da gente. Mudando tudo, tudo. eu em resposta quiz mudar alguma coisa. Acho que não mudei foi nada. Mudança maior que consegui fazer foi botar o colchão no chão da sala - condenando, aliás, o quartão onde ficava ao aspecto sinistro de um não-lugar, desses onde não se quer estar junto a poeira.

Fui dormir com a luz mágica e envaidecida da lua banhando meus lençóis vazios e frios. Acordei com a luz do sol, pouco antes do despertador tocar. Liguei a TV e fiquei dormindo mais um pouco, metade do cérebro acordado. Até que Ana Maria Braga, do alto de seu palanque de vidro, disse um nome que me soou familiar.

Nele Azevedo.

Na globo? Nada mal. Daí vem Aninha falar do trabalho da querida. Vejam abaixo. (Tem também o texto que foi para o ar no site do programa).


"Imagens de um protesto criativo correram o mundo ontem. Bonequinhos de gelo ocuparam uma escadaria de Berlim. As mil miniesculturas derreteram sob o sol escaldante do verão europeu. O trabalho é de uma artista plástica brasileira e deixou o público encantando. Divertiu crianças e adultos - que paravam para tirar foto ao lado dos homenzinhos de gelo.

Mas a mensagem era séria, contra o aquecimento global. Em menos de meia hora, a delicada obra de arte virou uma grande poça d’água.

Ambientalistas alertam: a mesma coisa está acontecendo com as calotas polares. As enchentes provocadas pelo degelo põem em risco um quarto da população mundial e podem ser arrasadoras."
Achei bizarro. Talvez isso tenha começado a fazer meu dia um pouquinho sinistro.

Conheci a Nele na faculdade. Ela foi a nossa sala a convite do Ronaldo Mathias, professor, para nós, de Apoio Metodológico (acho que deu muito mais apoio emocional do que metodológico, mas quem pode culpar um homem desses?). (Engraçado como certas pessoas nos cativam, e como certas pessoas tem o poder de cativar a todos e qualquer um).

O trabalho dela é lindo e sensível, além de ter uma dimensão intelectual. E cá entre nós, para mim, eleva às alturas. Tem a ver com monumento, grandiosidade, tempo (efemeridade, memória, duração, enfim... monumento). Tem a ver com morte (e a vida, portato), tem haver com ativar espaços, ativar "coletividades". Tem a ver com interação e tristeza. Tem a ver com muita coisa mesmo. Mas com aquecimento global?

Protesto?!

Nele faz isso desde o trabalho de conclusão na Faculdade Santa Marcelina. Primeiro, eram figuras de barro. Depois gelo. Figuras solitárias e isoladas, perto de grandes construções ou monumentos. São Paulo, Cuba, Japão. Não lembro bem onde ela disse que tinha começado a fazer tantos bonecos para derreterem juntos.

Protesto contra o aquecimento global? Meu deus! Me diz como se faz uma ponte assim? Derreteram em 30minutos? Pois bem, é isso mesmo!? É gelo!

Por coincidência, hoje também fiz uma coisa que nunca faço. Cliquei naquelas fotinhos, no G1, referentes a colunas de pessoas que eu não conheço, nunca ouvi falar. A coluna de Geneton Moraes me chamou a atenção, primeiro pela diagramação, depois pelo interesse que me promoveu os trechos destacados. Muito literário. Em dada altura, ao comentar sobre um cabelo fora de moda, ele diz:
"( (...) Aquele corte de cabelo um dia foi chamado de Pigmalião. Virou febre, nos anos setenta, não em homenagem ao escultor da mitologia,mas porque era usado por uma atriz numa novelinha medíocre das sete da noite. Ah, o implacável poder simplificador da televisão...)"
Antes fosse meramente simplificador este poder.

Mais imagens do trabalho da Nele Azevedo (sem som, porque o youtube, afinal, teve que se render):


PS: desculpem por ter "bio" demais nesse post que devia ser, eu acho, sobre uma artista
PS2: estava fazendo um outro post. Mas cabe como comentário desse... Temos que lembrar também, sobre o G1, que ele vira e mexe coloca entre os destaques da editoria "planeta bizarro", diversos bons trabalhos de artistas contemporâneos (ruins também, é verdade).

Um comentário:

  1. ahhh táaaa agora sim. então, só tinha visto umas manchetes desse trabalho, relacionando com o aquecimento global e nem dei importancia.
    mas nossa. o trabalho é legal sim. não foi só a ana maria braga não, todo mundo achou que sacou tudo, com o gelo derretendo no sol.

    valeu por não me deixar ficar na ignorancia hahaha

    abraço

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